sexta-feira, 20 de maio de 2011

Assédio sexual é crime, o caso Strauss-Kahn


Assédio sexual é uma forma de violência contra a mulher reconhecida na carta internacional dos direitos humanos. Mas, apesar disso, as vítimas de violação são geralmente, banalizadas e excluídas, sem ter direito a nenhum tipo de apoio. Pelo contrário, muitas vezes, têm suas privacidades invadidas, e sua reputação posta em questão. Como no caso Strauss-Kahn, o debate público, desviou o quadro para mostrar a incompatibilidade entre violação sexual e poder. De um lado o poderoso chefe do FMI, e do outro a estrangeira africana, camareira de um hotel. Especulou-se sobre o seu nome até divulgarem, finalmente, a sua identidade, violando o direito da vítima de ter sua identidade sob sigilo. Fizeram comentários sobre o seu corpo e aparência sexual, buscando através disso justificar ou contrariar o acontecido. Um absurdo! Ela até foi acusada de se beneficiar do episódio.

Todos os dias, no mundo inteiro, mulheres são vítimas de assédio sexual. E infelizmente, o medo de serem mal interpretadas, discriminadas ou postas à margem, tem inibido muitas delas de se posicionarem. Na Europa, uma em cada dez mulheres tiveram algum tipo de experiencia com violência sexual. Entre 40 e 90% das mulheres na Europa, já sofreram algum tipo de assédio sexual. Aqui nos Trópicos não fica distante disso! O assédio segue as mulheres nas paradas de ônibus, nas ruas, nas feiras livres, no próprio trabalho, e até entre os colegas, amigos, entre a família. Aquela velha “cantada”, que já se tornou “normal”, “aceitável”, e que espera-se que seja vista com bons olhos. E quem quiser que vá reclamar! Falar sobre isso? Coisa de quem não tem o que fazer. È só mais uma cantadinha!

Em geral, a violação não é tratada como crime. As vítimas são estigmatizadas como se elas mesmas fossem responsáveis pelo assédio sofrido, o que acaba sendo um dos fatores que faz com que a sociedade trate os casos de violência sexual de maneira banal e leviana. Não podemos aceitar uma sociedade que banaliza os crimes contra as mulheres ao mesmo tempo que diz comemorar as suas conquistas!


4 comentários:

Valdeir Almeida disse...

Sidi,

Os homens da nossa sociedade (ao menos a maioria deles) ainda consideram a mulher inferior, um ser que deve ceder aos caprichos deles.

Ainda ouço pessoas dizerem que desconfiam da dignidade de mulheres que têm certas funções, como secretária e enfermeira. Segundo tais pessoas, essas funções estimulam as mulheres a traírem os maridos.

Foi muito oportuno você citar o estupro cometido pelo chefe do FMI. A camareira foi vítima dessa atrocidade e do julgamento da sociedade. Assim como ela, outros casos ocorrem constantemente. Quando jogadores de futebol – principal reduto masculino heterossexual – cometem alguma violência contra suas companheiras, a sociedade logo as taxa de “Maria Chuteiras”, o que legitimaria a violência. Vergonha!.

Beijos, Sidi.

Sidinea Pedreira disse...

Val,
Infelizmente, o nosso país se esconde atras de várias máscaras, e uma delas, a maior é a dita "democracia". Esse país de direitos, que proclama o slogan "Ordem e Progresso", tem penalizado parte da sua população, as minorias: mulheres, homossexuais, por exemplo. e a grande mídia tem apoiado, através do massacre da notícia,de um jornalismo medíocre e descaradamente irreal. Felizmente, ainda temos pequenos espaços, onde podemos gritar por justiça! Obrigada por suas palavras, e por juntar sua voz à minha nesse grito de protesto!

grande beijo!
Sidi

Weslley Almeida disse...

Neste caso vemos dois elementos de opressão:
O homem querendo subjugar a mulher; o rico coagindo a pobre.
É interessante este comentário sobre certos tipos de "cantada", que são no fundo uma forma de assediar difarçadamente. Mostra o quanto a mulher é vista como objeto ainda. Assim foi o olhar de Strauss-Kahn sobre camareira.
As relaçoes de gênero continuam sendo um desafio p/ nossa sociedade...
Abração, Sidi!

Sidinea Pedreira disse...

De fato Weslley, a nossa sociedade brasileira tem grandes desafios no âmbito de políticas públicas para mulheres, além de tantos outros: erradicar a violência contra a mulher, vivenciar a equidade de gênero, e... E por que não dizer: dar a nós mulheres, a nossa carta de "alforria"!
Valeu pelo comentário oportuno! um cheiro!

Sidi